A comunicação à distância invadiu as rotinas das instituições de ensino superior de uma forma inesperada e arrastou todos os que estudam, trabalham e investigam numa onda de plataformas digitais, em alguns casos, sem boia de salvação. Se houve certamente quem mergulhasse de cabeça, alguns terão ficado à deriva, outros haverá que nem sequer entraram nessas águas. O tempo foi avançando e, por força da necessidade, a comunidade académica foi adquirindo algumas competências, criando novas rotinas e gerindo o dia-a-dia de forma a corresponder às exigências e prazos, ajustados ao ritmo dos imprevistos e à medida de um semestre letivo longe do convencional.
A incerteza continuará. E quanto a isso, a perspetiva é consensual. O que poderá diferenciar as instituições de ensino superior será a forma como terão, ou não, sucesso na conciliação entre a utilização eficiente das tecnologias e a manutenção da confiança nas relações interpessoais. O trabalho em equipa exige colaboração, partilha e objetivos comuns. E se a virtualidade assenta na distância física, pode ser também motor de afastamento psicológico. E é este o dilema com que também a UBI se defronta: manter a coesão e a previsibilidade num contexto que se antecipa ser de maior distanciamento interpessoal e insegurança.
O processo de ensino-aprendizagem, também na universidade, depende da proximidade, do sentimento de comunidade e de uma identidade partilhada entre todos. Se formos capazes de nos sentir e fazer sentir presentes e disponíveis, ainda que os constrangimentos decorrentes da evolução da crise pandémica possam exigir que limitemos o nosso contacto presencial e criem barreiras à sincronização comportamental e emocional, não deve ser virtual o caminho para encontrarmos o equilíbrio. E poderemos, assim, evitar uma outra epidemia, aquela que nos poderá torna mais individualistas, centrados no nosso próprio compasso e projetos pessoais, com dificuldade em compartilhar ou incapazes de aproximações.
Das ameaças, surgirão decerto oportunidades. E destas oportunidades, novas e criativas soluções quanto à forma de trabalhar, de nos relacionarmos e de nos sentirmos parte da universidade. E todos deveremos participar nessa mudança. Acreditamos que o Movimento Servir (+) UBI se constitui como uma força pró-ativa, atenta às necessidades, recursos e prioridades da comunidade académica. Face à perspetiva de uma universidade assente numa comunicação mais mediada pela tecnologia, espera-se que os próximos tempos sejam de desenvolvimento e não de instabilidade. Ou, por outras palavras, sejam tempos de evolução e não de revolução.
Marta Alves e Helena Alves
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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