Da Destruição Criativa às Ondas Construtivas

Está evidente que esta não é uma crise convencional. Os efeitos da pandemia e do confinamento em todo o mundo provocaram um choque entre a oferta e a procura, com a paralisação da produção, a rutura dos circuitos de distribuição e procura, a queda do consumo e perdas no rendimento e na riqueza. O futuro parece incerto. Num cenário de futuro incerto,estamos perante uma disrupção. Quer isto dizer que estamos perante uma ruptura brusca e volátil, que irá transformar o que estava estabelecido, no sentido do afirmado por Shumpeter, em meados do século passado, como “destruição criativa. Esta situação, colocou em causa a ordem económica estabelecida, levando a tomadas de decisão política que irão moldar uma nova normalidade futura. Por exemplo afigura-se como altamente provável alguma desglobalização, através da aposta na reindustrialização de setores considerados como estratégicos para os países. Neste contexto ir-se-á assistir à reconfiguração da cadeia de valor em algumas indústrias, o que dará oportunidade para o surgimento de novas empresas, mais empregos, novos modelos de negócio, mais necessidades de formação, tudo isto, com impactos evidentes na sociedade e na economia. Neste cenário de incerteza, podemos especular que estamos num ponto de mudança. Uma vez que a nossa sociedade está mais informada, mais atenta e mais desperta para novas realidades, acreditamos que terá o engenho e a clarividência necessária para transformar a “destruição criativa”, em “ondas construtivas” onde se vislumbre a construção de um futuro mais justo, mais sustentável e mais inclusivo para todos.

Mário Raposo
Departamento de Gestão e Economia
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

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