A UBI numa Encruzilhada. Qual o Melhor Caminho?

“Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar”.

(António Machado, Extracto de Proverbios y cantares (XXIX))


A UBI fez o seu caminho, de forma cuidada, ao longo dos seus anos de funcionamento enquanto instituição de ensino superior. Um caminho que a todos orgulha e que é necessário sempre lembrar pois, como diz o poeta, fez-se um caminho que nunca se voltará a pisar. 

Tudo começou com um primeiro passo. Num caminhar, para o qual todos nós, à sua medida e capacidade, contribuímos um pouco. Tanto na sua construção física, como na escolha dos melhores recursos humanos, na implementação de medidas de organização académica e rigor científico, na qualidade da investigação realizada e publicada ou na internacionalização. 

Podia fazer-se melhor? Talvez. Mas convém lembrar, especialmente a quem nos acompanha mais recentemente, que o caminho nem sempre foi fácil. Foi por vezes bastante acidentado e feito com algum sofrimento e sacrifício. Apareceram vários obstáculos que foi necessário ultrapassar. Outras vezes, o caminho estreitou-se entre os muros que outros construíram. Fizeram-se escolhas e caminhou-se sem a certeza do caminho certo. Sem existir qualquer proteção junto de ladeiras e precipícios. O importante é que fizemos o nosso caminho e chegámos até aqui. 

Estamos agora numa encruzilhada nova e em que é necessário fazer a escolha do caminho a seguir. Temos vários percursos à nossa frente e não existe conhecimento ou qualquer guia ou sinalética que nos permitam uma escolha fácil.

Os diferentes percursos que agora nos apontam com toda a certeza são bons caminhos a seguir. Toda a gente quer sempre o bem da sua UBI. Mas é necessário optar por um deles. 

Os caminhos mais fáceis são aqueles em que se garante um piso melhor, mais segurança, possibilidades de descanso e reabastecimento, em que todos teremos equipamentos novos para caminhar e em que, à partida, parece estar garantido que todos os nossos interesses pessoais serão satisfeitos. Serão uma maravilha, pois.

Eu prefiro escolher um caminho que possa fazer-se em conjunto, passo a passo e sem pressas. Em que se aceite analisar os obstáculos que surgem, se partilhem as dúvidas e as melhores decisões, em que exista liberdade de escolha e solidariedade e se apoiem todos no seu percurso individual. Independentemente da sua condição física, do seu género, idade, qualificações ou história de vida. Um caminho que, embora pareça mais estreito e difícil, possa ser feito por todos e sem que alguém, alguma vez, fique para trás. 

E tu?

Escolhes o teu caminho?

Ou vais ficar à espera para seguir outros?


“Alice perguntou: Gato Cheshire... pode dizer-me qual o caminho que eu devo tomar?
Isso depende muito do lugar para onde você quer ir – disse o Gato.
Eu não sei para onde ir! – disse Alice.
Se você não sabe para onde ir, qualquer caminho serve”.

(Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas)

João Lanzinha

Departamento de Engenharia Civil e Arquitetura

Faculdade de Engenharia


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